Publicado por: Digimon 4Ever PT-PT
04 janeiro 2012
Prólogo:
A evolução da humanidade tinha sido espantosa nos últimos anos.
O progresso a nível da saúde, da alimentação e de outros factores vitais era algo esperado, pouco surpreendente. Foi, de facto, o progresso a nível da comunicação que mais queixos fez cair ao chão.
O ser humano é um animal social por natureza, mas nada fizera prever a chegada das telecomunicações, e, muito menos, de algo como a Internet, uma espécie de mundo próprio para além da fronteira do nosso real.
Era através de um computador, uma outra caixa mágica de louvor em si mesma, que aquele homem acedia a este outro mundo.
Estava sentado numa cadeira giratória sem braços, num quarto escuro. Era possível determinar que a sua cara era redonda, com olhos pequenos de pássaro por detrás de óculos de aros, cujas lentes reflectiam uma série de letras e números que, para muitos, nenhum sentido teriam.
Para ele, no entanto, aquela série de caracteres era de extrema importância.
Usou a sua mão esquerda, grande e carnuda, para tapar a sua boca de lábios grossos e gretados, inclinando-se para a frente, o seu cotovelo a servir de suporte perfeito por cima da secretária de pinho. A mão direita conduzia o rato sem fios, negro como a sala cuja única fonte de claridade era o ecrã luminoso.
O rato foi sendo movido, de um lado para outro, para cima e para baixo, ouvindo-se regularmente um clique ou um rodar da roda que tinha no centro superior. Por vezes escutava-se, inclusivamente, um batuque surdo no teclado, negro e gorduroso devia à piza que o homem almoçara diante do ecrã sem se dar ao trabalho de lavar as mãos.
Pois, realmente, que importava a limpeza de um mero teclado quando ele tinha um mundo nas suas mãos?
As colunas buzinaram um som de alerta e uma caixa de aviso vermelha invadiu o ecrã.
O homem retirou imediatamente a mão da sua boca, assustado por momentos, porém reassumiu o controlo rapidamente. Preparou-se para o combate que se avizinhava, utilizando os dedos fortes da mão esquerda para martelar furiosamente nas teclas desgastadas e a mão direita para conduzir o fiel rato.
Após clicar na cruz no canto superior direito que servia para fechar a janela, abriu uma nova página em branco. Começou logo a escrever à medida que batalhava as sucessivas caixas de pop-up vermelhas.
O computador roncava, intento nos seus cálculos avançados. Uma gota de suor escorreu pela têmpora do homem, que teclava.
Tinha de pensar, e já.
Será que os programas que ele tinha deixado para trás não eram suficientemente fortes para uma simples ameaça? Ou será que essa ameaça era tão viva como os programas que a combatiam?
Realmente, só podia ser esse o motivo. A táctica das caixas estava a funcionar demasiado bem para abrandar o seu ritmo. Se o seu inimigo começava a recorrer às grandes armas, também o homem teria de o fazer.
Desligou as páginas preenchidas e os pop-ups cessaram. Com que então era isso…
O homem, ainda ciente de que o seu adversário poderia estar a observá-lo, abriu outro programa. Agora tinha acesso a várias imagens...vídeos de pessoas que ele monitorizava. Não era apenas o seu inimigo que mantinha vigia.
Foi passando sucessivamente de câmara para câmara até descobrir aquilo que procurava.
Uma criança, que aparentava pouco mais de doze anos, estava na sala, sentada no sofá, segurando um comando de consola com ambas as mãos. Diante de si estava uma televisão onde se via aquilo que o homem mais queria ver… um jogo, mas não um jogo qualquer. O jogo.
Sem dar tempo ao seu adversário cada vez mais fortalecido, o homem abriu novamente uma página em branco e teclou com ambas as mãos, depressa enchendo-a com caracteres negros.
Quando deu o seu trabalho por terminado, pressionou o Enter…
Uma nova caixa de diálogo vermelha apareceu.
Era diferente das outras, maior, contendo uma mensagem em grandes letras.
“Pensavas que me poderias enganar tão facilmente? Eu vejo. Eu aprendo. Não me subestimes.”
O homem passou a costa da mão peluda pela testa, pingada em suor. Carregou em OK e uma gargalhada escapou das colunas, uma gargalhada fria, cruel, e com nada de humano.
Apareceu uma segunda caixa de diálogo.
“Apenas aumentaste o meu poder, seu tolo. Será que ainda não percebeste que os teus simples programas não detêm?”
Tremeleando, o homem fechou a caixa de diálogo. Nada mais surgiu.
Olhou para o ecrã, onde passavam as imagens da última câmara que escolhera. A criança já não lá estava e o comando jazia abandonado no chão. O televisor, esse, continuava a mostrar o que a criança estivera a jogar. No entanto, o mundo de jogo parecia mais vazio, e o protagonista de escamas vermelhas desaparecera.
Ele tentaria ajudar como podia, porém o destino do mundo que pensava controlar estava agora nas mãos do seu escolhido.
Espero que tenham gostado do prólogo! O 1º capítulo será publicado ainda esta semana!
Escrito por Ghaskan, do Digimonat.
*Todos os direitos desta fan-fic são reservados a Ghaskan. O Digimon 4Ever PT apenas publica a fan-fic, com a autorização do respectivo criador.
- Voltar Para a Página Inicial>
- Fan Fic - Exequatur: Salvação - Prólogo